Um novo jeito de morar pós-pandemia

Condomínios com áreas verdes e apartamentos com varandas passaram a ser tendência no mercado imobiliário pós-pandemia

Na contramão do que vinha acontecendo nos anos anteriores, em 2020 as pessoas foram obrigadas a rever conceitos e realinhar a escala de prioridades. Entre as mudanças mais significativas, um novo olhar sobre o jeito de morar tem ganhado força. Se antes a tendência era de apartamentos mais compactos, após passarem tanto tempo dentro de casa, tanto no horário de lazer, quanto a trabalho, as pessoas passaram a desejar estar em locais maiores e mais confortáveis, com varandas e ambientes mais funcionais para curtir em família.

Foi necessária essa revolução trazida por um vírus para que todos pudessem perceber que o ato de morar vai além de apenas chegar a casa à noite depois de um dia de trabalho. E talvez, segundo José Roberto Graiche Júnior, presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC), este seja o momento ideal para voltarmos a pensar em um modo mais tradicional de moradia. Sem que o foco esteja somente em conceitos que empreguem o ‘disruptivo’ e o ‘compartilhamento’.

“Diante do isolamento, percebemos que as áreas comuns dos empreendimentos de maior destaque foram as abertas, em que as pessoas podiam tomar banho de sol e respirar ao ar livre.  Além é claro de academias, salas de ginástica e brinquedotecas. Já dentro dos apartamentos, ficaram ainda mais em evidência os espaços que podem servir para home office e home class, assim como ambientes amplos e arejados”, avalia o especialista.

Impactos e tendências

Em meio a esse processo dinâmico, conceitos que pareciam imutáveis de repente tomaram novos rumos. As famílias, depois de fechadas em casa durante meses, passaram a dar uma grande importância à qualidade da habitação, ao seu desempenho em termos de conforto térmico, iluminação e acústica, e ao seu bem-estar em termos de espaço.

Percepções que foram reforçadas pelo resultado da pesquisa com potenciais compradores de imóveis feita recentemente pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em parceria com a Brain Inteligência Estratégica. De acordo com o estudo, 15% dos entrevistados apontaram que o isolamento interferiu no estilo de imóvel desejado, sendo que destes 19% responderam que não comprariam um imóvel sem varanda. Dados que ganham um peso ainda maior se analisados por faixa de renda. 40% dos que ganham acima de R$ 13 mil disseram que a fase passada em casa alterou as suas necessidades imobiliárias.

Além disso, a busca por imóveis em áreas mais distantes do centro, e, portanto, longe de muitos locais físicos de trabalho, também aumentou. Provavelmente como reflexo da possibilidade do home office. Fato que segundo Graiche impacta os condomínios residenciais principalmente nos hábitos de uso, horários de maior barulho e, muitas vezes, na infraestrutura do prédio para utilização de equipamentos e recursos tecnológicos como a internet, em maior escala.

As residências se transformaram também no espaço de lazer, de segurança e por que não dizer de algum conforto e qualidade de vida. E, assim, muitas pessoas se deram conta de que não tinham a estrutura necessária para passar tanto tempo na sua própria casa ou no condomínio onde moram.

A pandemia revelou novas formas de se relacionar com a moradia e criou necessidades que devem modificar as operações do mercado imobiliário atual, como por exemplo, o tamanho de casas e apartamentos.

Reflexo nas negociações

Já como reflexo do momento atual, há também uma mudança na forma de negociar. As empresas estão investindo cada vez mais em tecnologias que possibilitem transações totalmente online e o público está se adaptando e aproveitando essa novidade.
Há também a procura por novas modalidades de financiamento e um maior interesse do público jovem para adquirir o primeiro imóvel.

A pandemia nos ensinou que a velha frase que escutávamos e escutamos até hoje faz muito sentido, ‘’Não há nada como nosso lar’’, o espaço que descansamos, cultivamos memórias com a família precisa transmitir a nós conforto não só físico mais também visual e sensorial.